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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Revolta dos Busões

Na manhã desta Segunda-feira (05) a população das quatro zonas da capital potiguar foi pega de surpresa. Logo nas primeiras horas do dia os motoristas rodoviários resolveram parar os ônibus em protesto contra a falta de segurança nos veículos de utilização pública. O estopim para o ato foi um assalto na última sexta-feira (3) a um ônibus da empresa Oceano, do grupo Guanabara, onde o motorista foi esfaqueado. Quase 500 ônibus permaneceram parados por boa parte da manhã em diversos pontos da cidade e seguiram em carreata até o Centro Administrativo em busca de uma audiência com a governadora Rosalba Ciarlini.
O protesto dos profissionais do transporte urbano em Natal tem o objetivo de chamar atenção do poder público para os problemas que ferem diretamente a segurança dos motoristas, cobradores e usuários do sistema. De acordo com dados oficias do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), só neste ano, até o dia de hoje, foram registrados 427 assaltos a ônibus. No ano passado foi registrado neste mesmo período 185 casos.
Apesar da avaliação do ato ser “por uma causa justa”, a população questionou a falta de atenção para com quem precisa dos serviços. Aqueles que conseguiram pegar um ônibus para seguir ao trabalho foram “obrigados” a descer do veículo, já que a paralisação não tinha hora para terminar. Para muitas pessoas, a única saída foi ir a pé até ao destino pretendido ou voltar para suas casas. Ainda teve quem pagou por uma passagem e não foi ressarcido, como relatou a usuária Andreza Angélica.
“Peguei o ônibus antes da avenida Alexandrino de Alencar e tive que descer na parada do shopping Midway Mall, quando a minha intenção era chegar ao conjunto Pirangi. Eu mal subi no ônibus e o motorista disse que não seguiria o destino, pois iria parar o carro para aderir ao protesto”, conta Andreza. Segundo ela, o motorista informou que não poderia devolver o dinheiro da passagem. “Nada mais justo que o nosso dinheiro de volta, mas eles disseram que não podem devolver, já que são ‘os laranjas’ do sistema. Esse ato foi muita falta de sensibilidade com a população”, afirmou.
Macione da Silva, estudante e trabalhador, também questionou a realização do protesto, sem que antes a população fosse informada. “Nós sabemos que é por uma causa justa, mas eles deveriam ter se organizado de forma mais democrática. O mínimo que poderia ser feito era informar à população para que nós não fossemos prejudicados. O usuário está sendo lesado e hoje, mais do que nunca, o nosso dinheiro está sendo tirado de nós em vão. Infelizmente a lei não se aplica à menor força do sistema”, disse, indignado. “Eu, que vim de Nova Parnamirim, terei que ir até a Cidade Alta a pé”, declarou.
O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro/RN) informou que o ato foi necessário para chamar a atenção dos políticos para o caos que circunda os serviços de segurança pública. Segundo Paulo Herôncio, membro da diretoria do Sintro, só nesses primeiros cinco dias de agosto foram contabilizados mais de 18 assaltos.
“Um desses teve o motorista sendo esfaqueado, correndo risco de vida. Graças a Deus ele não chegou a óbito, mas será preciso quantos casos de violência para investirem na segurança da população e dos trabalhadores?”, questiona o líder sindical. “Hoje esses ônibus estão enfileirados para que os políticos vejam a falta que eles fazem”, disse.
As principais reivindicações da categoria são a segurança no sistema de transporte e na cidade; a criação de uma delegacia especializada para investigar a violência no sistema de transporte; além da estruturação de uma secretaria específica para o transporte intermunicipal. “A gente já vem se reunindo com o comando da polícia e com o Seturn para ver se conseguimos amenizar os problemas nos coletivos. A polícia tem a boa vontade de nos atender, mas infelizmente eles não têm logística para suprir a demanda e isso acaba nos afetando”, explicou Paulo Herôncio.
De acordo com Herôncio, o Governo do Estado poderia decretar calamidade na segurança pública e buscar recursos federais para atender as necessidades da população. “Eles dizem que estão no Limite Prudencial e por isso não podem contratar mais agentes para melhorar o sistema, mas para viajar e investir em Copa do Mundo há dinheiro disponível”, disse.
“Hoje o motorista e o cobrador saem de casa e não sabem se voltam mais. E agora os usuários também estão sendo vítimas. Enquanto um assaltante sobe e aborda o motorista, outro já vai recolhendo os pertences dos usuários, soltando ameaças. Essa reivindicação nossa não é só para proteger os profissionais, mas toda a população”, afirmou o representante do Sintro.
A paralisação de protesto dos rodoviários aconteceu na avenida Senador Salgado Filho e na Bernardo Vieira, alcançando o viaduto das Quintas, zona Oeste de Natal. O trânsito praticamente parado passou da Ponte de Igapó na pista sentido Centro. Além desses locais, os rodoviários paralisaram o trânsito no largo Dom Bosco, na Ribeira, zona Leste da capital.
O motorista Cleiton Raniere, atuante na mesma profissão há quatro anos, contou que já foi vítima de três assaltos e acredita que “sem luta não há vitória”. “Sabemos do prejuízo que uma paralisação dessa causa à população, mas também vemos que ela está do nosso lado, já que também tem interesse na segurança. O Governo só quer saber de pão e circo e esquece dos serviços básicos. É preciso parar tudo para chamar atenção”, afirmou.
 
Reunião com o Governo
Por volta das 13h de hoje, os motoristas conseguiram ser recebidos pelo secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, na presença também do comandante geral da Polícia Militar. “Estamos tentando centralizar as informações repassadas para esclarecer melhor todos os casos que vêm acontecendo com tanta frequência. De antemão, adianto que a Polícia Militar já tem a determinação para viabilizar blitz de segurança nos principais corredores da cidade”, disse Aldair. Até o fechamento da edição deste vespertino, os motoristas ainda aguardavam a presença da governadora Rosalba Ciarlini na reunião.
“Todas as informações repassadas pelo Seturn e pelo sindicato dos motoristas são de muita importância para darmos procedência ao trabalho, mas tenho que afirmar que os casos são bastante complexos. Nós temos dificuldade, por exemplo, em manter os menores de idade presos, já que a lei não permite. Mas iremos fazer o possível e tudo o que estiver no alcance da Secretaria para colocar mais policiais nas ruas e garantir a segurança da população”, declarou Aldair da Rocha.
Portal JH
 










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