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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Agentes frustram segunda tentativa de fuga do ano no Núcleo de Custódia da Polícia Civil, na zona Oeste


Uma nova tentativa de fuga foi registrada no Núcleo de Custódia da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, situado no bairro da Cidade da Esperança, onde 75 presos se amontoavam no início da manhã de hoje. Eles retiraram o único vaso sanitário existente na cela improvisada e cavaram um túnel, que foi descoberto pelos policiais civis durante uma revista feita durante a madrugada. Esta é a segunda tentativa frustrada este ano no estabelecimento, que está interditado para receber novos presos desde agosto passado por determinação judicial.
Segundo a diretora do Núcleo, Tânia Pereira, um pedaço de barra de ferro, serrado da grade da cela, e uma haste de alumínio foram encontrados no pátio externo da unidade e, possivelmente, foram usadas pelos detentos para abrir o túnel. Ela acredita que eles tenham conseguido se aproximar da parede que dá acesso ao pátio, o que só poderá ser confirmado após uma inspeção detalhada, que já foi solicitada à Delegacia Geral da Polícia Civil (Degepol) esta manhã.
“Já comunicamos o fato (à diretoria da Degepol), porque precisamos que uma equipe venha até aqui para verificar a situação e impedir que os presos consumem a fuga. Enquanto isso, estamos em constante perigo porque esses homens podem, a qualquer momento, fugir daqui. Eles usaram um pedaço da própria grade para cavar o túnel e querem sair a qualquer custo”, explicou a diretora.
A situação no local já é insuportável há bastante tempo, muito antes do Núcleo de Custódia ter sido interditado em agosto passado.  Amontoados em um espaço de 18 metros quadrados, os detentos reclamam constantemente das condições desumanas em que vivem. “Fazemos revezamento na hora de dormir, porque não tem lugar para todos se deitarem e sofremos muito com o calor excessivo e a sujeira”, denunciou um deles, durante a recontagem de presos feita na manhã de hoje.
Para Tânia, a situação é insustentável para todos, presos e funcionários. E os casos de doenças entre as duas categorias são várias. “Temos presos com gripe, tuberculose, fraturas e outras coisas. E nós, que trabalhamos diretamente com eles, também somos afetados por isso e pela angústia de não poder fazer nada para melhorar a situação, porque isso não depende de nós e sim da Degepol”, desabafou.
Ela disse ainda que a tentativa de fuga ocorrida na madrugada de hoje, e que já é a segunda do ano, pode ser consumada em breve, caso o Estado não resolva a situação do Núcleo, que deveria ter sido fechado no final do ano passado, quando todos os presos que estavam no local foram transferidos para os centros de Detenção Provisória (CDPs) da Região Metropolitana de Natal.
“Isto que aconteceu aqui hoje é a prova de que não há mais as mínimas condições de funcionamento deste estabelecimento neste prédio, que, na verdade, pertence à 8ª Delegacia Distrital, que funciona hoje no bairro de Felipe Camarão. Quando começaram as transferências no ano passado, ficamos esperançosos de fechar este núcleo, mas infelizmente, até agora não vimos nada de concreto para encerrar as atividades do estabelecimento”, afirmou Tânia.
A primeira tentativa de fuga deste ano aconteceu no dia 21 de janeiro, quando um preso ficou entalado em um buraco aberto na grade que dá acesso ao pátio externo da unidade. Por causa deste incidente, a evasão foi abortada e os agentes conseguiram impedir que outros detentos tentassem alguma coisa. Na ocasião, o fujão desastrado passou cerca de meia hora pendurado, até ser resgatado pelos companheiros de cela.

O delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério, afirmou que está aguardando o sinal verde da Sejuc para dar início à transferência total dos presos que estão hoje no Núcleo de Custódia. Ele disse que já entrou em contato com o secretário Júlio César de Queiroz e que deseja resolver este problema o mais breve possível.
“Estou aguardando somente a posição da Sejuc sobre a inauguração da nova unidade prisional da zona Norte, para finalmente concluir esse processo. O fechamento do Núcleo, coma devida transferência dos detentos, só depende disso agora. Já conversei com o secretário Júlio César sobre isso e ele nos garantiu que isso deve acontecer até o Carnaval”, enfatizou.
Já o titular da Sejuc afirmou que devolverá o prédio onde hoje funciona o CDP da Candelária, na Avenida Prudente de Morais, para que a Polícia Civil possa transferir todos os presos do Núcleo para lá. E que isso deve acontecer ainda este mês. “Estamos correndo para fazer isso ainda agora, até o Carnaval, porque sabemos que o prédio onde está o Núcleo não tem estrutura para funcionar”, disse.
Júlio César de Queiroz explicou ainda que os presos do CDP Candelária serão enviados para o novo prédio do CDP Potengi, na zona Norte, o que deve começar a ocorrer já na próxima quinta-feira. Com isso, os detentos do Núcleo poderão, enfim, deixar o prédio onde estão hoje, para abrigarem o CDP Candelária. “O local possui sete celas e capacidade para manter até 120 presos, o que irá melhorar consideravelmente a qualidade de vida dos detentos e também dos policiais que trabalham lá”, afirmou.

Diretora implora vagas para detentos que estão no NC
Com a transferência dos presos que estavam no local em dezembro passado, feita pela Coordenadoria de Administração Penitenciária da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Coape/Sejuc), o Núcleo de Custódia deveria ter sido fechado imediatamente. No entanto, no mesmo dia em que os últimos presos seriam levados para os CDPs, 15 detidos que estavam na delegacia do município de Santo Antônio do Salto da Onça chegaram ao local.
Eles foram enviados para a unidade por determinação do delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério da Silva, após o Ministério Público Estadual (MPE) ter interditado a delegacia municipal por causa das condições precárias de funcionamento. Ele disse, na época, que não foi dado nenhum prazo para se fazer a transferência, o que motivou a decisão de levá-los para o Núcleo de Custódia.
Depois disso, o estabelecimento continuou recebendo novos presos, segundo Tânia Pereira. Para ela, o sonho de fechar de vez o estabelecimento na Cidade da Esperança é uma miragem. “Já não estamos mais pedindo vagas, mas implorando. Essa é a verdade, todos os dias, imploramos por vagas no sistema prisional potiguar, para tentarmos funcionar com o mínimo de salubridade para nós e para os próprios presos”, desabafou.
Ela lamentou ainda a situação do auxiliar de serviços gerais Daivson Justino dos Santos, 30 anos, que foi detido por mandado de prisão quando estava internado no Hospital Walfredo Gurgel no dia 23 de janeiro. Cirurgiado após ter sido atingido por três disparos de arma de fogo no bairro das Rocas, ele perdeu temporariamente o movimento das pernas e está detido no local, onde fica deitado em uma sala o tempo inteiro.
Fotos: Canindé Santos
Por: Alessandra - Portal JH














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