Um surto de febre amarela no Brasil entre os anos de 2017 e 2019, com grande incidência em regiões que não eram consideradas de risco, alteraram a estratégia de vacinação – principal ferramenta de prevenção e controle dessa doença. Se antes, a imunização era feita apenas em alguns estados, em 2022 ela se estendeu a todo o país, por recomendação do Ministério da Saúde, inclusive para o Rio Grande do Norte, que não possui nenhum caso confirmado.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), há apenas registros de casos suspeitos. Em 2016 foram 33; em 2017, 7; no ano de 2018, 8 casos foram investigados; em 2019, apenas um; em 2020, zero; em 2021, dois casos suspeitos, sendo um descartado e um inconclusivo.
“Antes a vacina era recomendada para a região endêmica, porém a gente teve um surto em São Paulo e Rio de Janeiro e viu-se a necessidade de que os demais estados também tivessem a vacina da febre amarela no seu calendário”, ressalta a coordenadora do programa de imunização da Sesap, Laiane Graziela, ao lembrar que a orientação federal foi dada em 2019, mas devido à pandemia só foi implantada em março deste ano.
Segundo Laiane, essa vacinação se torna ainda mais relevante diante do aumento de casos das arboviroses dengue, zika e chikungunya, já que o vetor do vírus nas cidades também é o Aedes aegypti, enquanto em áreas de mata, os principais transmissores são os mosquitos Haemagogus e Sabethes. Apesar dos diferentes vetores, tanto a febre amarela silvestre quanto a urbana são a mesma doença e possuem as mesmas manifestações clínicas.
“A gente viu a necessidade de intensificar essa vacinação pra que não tenhamos a ocorrência de outras doenças transmitidas pelo mesmo mosquito. A gente tem uma vacina disponível, porém muitas pessoas não tinham ou não têm conhecimento que a vacina da febre amarela está dentro do calendário de rotina de todos os brasileiros de nove meses a 59 anos de idade”, detalhou a coordenadora.
Quem deve tomar a vacina
O imunizante contra a Febre Amarela está disponível para crianças que completaram 9 meses e ainda não tomaram a primeira dose; crianças que completaram 4 anos e não tomaram a dose de reforço; e pessoas de 5 a 59 anos não vacinadas, com apenas uma dose ou nenhuma dose registrada.
Não podem se vacinar menores de 9 meses, mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade, pessoas com alergia grave a ovo, pessoas que convivem com HIV e que têm contagem de células CD4 menor que 350, usuários em tratamento de quimioterapia/radioterapia, pessoas com doenças autoimunes e aquelas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem as defesas do corpo).
Quem já se vacinou dentro destes parâmetros não precisa se vacinar novamente, pois a imunização dura por toda a vida.
Sobre a vacina
De acordo com “Guia para Profissionais de Saúde” (2017), editado pelo Ministério da Saúde, a vacina contra febre amarela usada no Brasil é produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e consiste de vírus vivos atenuados da subcepa 17DD.
É um imunobiológico seguro e altamente eficaz na proteção contra a doença, com imunogenicidade de 90% a 98% de proteção. Os anticorpos protetores aparecem entre o sétimo e o décimo dia após a aplicação da vacina.
Sintomas e diagnóstico
A febre amarela é uma doença viral aguda, imunoprevenível, transmitida aos humanos e a primatas não humanos (macacos), por meio da picada de mosquitos infectados. O vírus não é transmitido pessoa-pessoa ou macaco-pessoa.
O Ministério da Saúde lista os seguintes sintomas iniciais da doença: início súbito de febre; calafrios; dor de cabeça intensa; dores nas costas; dores no corpo em geral; náuseas e vômitos; fadiga e fraqueza.
A maioria das pessoas melhora após os sintomas iniciais. Mas em cerca de 15% apresentam a forma grave, que costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso, podendo matar.
A indicação é que ao identificar os sintomas, o doente procure um médico na unidade de saúde mais próxima. O diagnóstico laboratorial é realizado por meio de coleta de sangue para sorologia e deve ser colhida a partir do 5º dia do início dos sintomas. No Rio Grande do Norte, o material é enviado para a realização do exame na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
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