O 5G chega ao Brasil nesta quarta-feira (6). Brasília é a primeira cidade do país a contar com a versão "pura" da tecnologia, que oferece mais velocidade. Até então, estava disponível somente o 5G DSS, versão mais limitada que é uma espécie de transição entre a quarta e a quinta geração da rede.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) diz que São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa receberão a tecnologia em uma segunda etapa, mas ainda não há uma data definida. O prazo para todas as capitais brasileiras receberem o 5G é 29 de setembro de 2022.
A previsão é de o 5G chegará a todas as cidades no Brasil até dezembro de 2029.
A quinta geração de internet móvel promete uma revolução: conexão com velocidade ultrarrápida, avanços de tecnologias como carros que dirigem sozinhos e a possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo.
O que é o 5G?
É a nova geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atual.
A promessa é que ela trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.
Essa evolução da rede vai permitir conectar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio. Tudo isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.
A média da velocidade 4G no Brasil entre as quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps (megabits por segundo), de acordo com um relatório da consultoria OpenSignal de maio de 2021.
O valor pode variar de região para região, da operadora utilizada e até mesmo do horário em que uma pessoa acessa a rede.
Uma conexão 4G com excelente performance chega a próximo 100 Mbps, segundo Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da TIM.
"Se fizermos uma analogia com o mundo real, 100 vezes mais rápido é a diferença de velocidade entre um ciclista de alta performance e um caça de guerra", afirmou Capdeville.
O 5G, por sua vez, pode chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps – uma diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G.
Essa diferença diz respeito somente à velocidade. Mas o 5G também promete baixa latência, ou seja, um tempo mínimo de resposta entre um aparelho e os servidores de internet – aquele "delay" que acontece em ligações em vídeo, quando é preciso esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado veja e ouça o que falamos.
Outra característica do 5G que difere das gerações de rede anteriores é que ele poderá lidar com muito mais dispositivos ligados ao mesmo tempo. A conexão também será mais confiável, pois um aparelho vai poder se conectar com mais de uma antena ao mesmo tempo.
Essas melhorias de velocidade, tempo de resposta e confiança na rede prometem abrir um leque de aplicações, segundo especialistas.
Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com o 5G, bem como a chamada "indústria 4.0" com toda a linha de produção automatizada.
Cirurgias feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer um tempo de resposta mínimo.
Wilson Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e diretor de soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet que passaram a ser possíveis com o 4G e faz um paralelo com a novidade.
"Não tínhamos Uber no 3G porque não as características que o Uber pede, de localização, de velocidade, não estavam disponíveis. Essas aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G espalhadas, teremos sensores e novas aplicações", afirmou.
É o caso dos carros autônomos. Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G ainda não é veloz o suficiente para evitar acidentes em situações extremas, além de não suportar tantos dispositivos conectados ao mesmo tempo.
O 5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam que muito do processamento de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pegando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios médicos, como pulseiras e relógios conectados.
Em termos práticos e do dia a dia, as videochamadas devem se tornar mais claras, a experiência de jogos on-line também deve ser aprimorada, as transmissões de vídeo ao vivo devem travar menos e perder sinal em meio a uma multidão não deve mais acontecer.
Brasília é a primeira cidade a receber a quinta geração. Mas para que todo o país tenha o 5G ainda vai levar um tempo.
Primeiro ele chega às capitais, mas não cobre toda a cidade de uma vez: em Brasília, por exemplo, a cobertura começa com 80% da área.
Como apontou o ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedra, em setembro último, o 5G vai exigir muito mais antenas do que o previsto no edital do leilão para entregar todo o seu potencial. Por isso, o serviço ficaria restrito a uma pequena área das capitais num primeiro momento.
No edital do leilão, estava previsto que o 5G deveria funcionar nas 26 capitais do Brasil, além do Distrito Federal, em julho de 2022.
O cronograma oficial já teve que ser alterado. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu estender esse prazo até 29 de setembro por questões técnicas.
As operadoras que venceram o leilão se comprometeram a investir em infraestrutura para oferecer a conexão, como instalação de fibras ópticas. Mas, segundo a agência, faltam equipamentos para elas fazerem a "limpeza da faixa" de 3,5GHz, que será usada pelo 5G, segundo a Anatel.
O procedimento é necessário porque essa faixa também é usada para transmissão do sinal da TV parabólica e o Ministério das Comunicações definiu que a implantação do 5G não prejudicaria as pessoas que assistem TV aberta e gratuita por meio dessa tecnologia de radiodifusão.
Para todas as cidades do Brasil com mais de 30 mil habitantes, o prazo de implantação ainda é julho de 2029. Veja o cronograma completo da Anatel:
29 de setembro de 2022: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 100 mil habitantes
31 de julho de 2023: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 50 mil habitantes
31 de julho de 2024: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 30 mil habitantes
31 de julho de 2025: capitais e Distrito Federal e cidades com mais de 500 mil habitantes tendo uma ERB a cada 10 mil habitantes
31 de julho de 2026: cidades com mais de 200 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
31 de julho de 2027: cidades com mais de 100 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
31 de julho de 2028: pelo menos 50% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
31 de julho de 2029: todas as cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
Nos municípios com até 30 mil habitantes, a agência determina a instalação de até cinco estações rádio base, conforme o tamanho da população. Veja o cronograma para estas cidades:
31 de dezembro de 2026: 30% dos municípios com até 30 mil habitantes
31 de dezembro de 2027: 60% dos municípios com até 30 mil habitantes
31 de dezembro de 2028: 90% dos municípios com até 30 mil habitantes
31 de dezembro de 2029: 100% dos municípios com até 30 mil habitantes
Em que pé está?
O leilão do 5G, realizado em novembro passado, foi o primeiro passo para a exploração da tecnologia. O passo seguinte é a fase de implementação, com a instalação da infraestrutura necessária.
A previsão inicial era de que o 5G fosse ofertado até julho de 2022 nas capitais. No entanto, esse prazo foi adiado para setembro. Isso para que as empresas tenham mais tempo para a limpeza da faixa de 3,5 GHz, usada pelo 5G, e também para transmissão do sinal da TV parabólica.
O procedimento é necessário porque o Ministério das Comunicações definiu que a implantação do 5G não prejudicaria as pessoas que assistem TV aberta e gratuita por meio dessa tecnologia de radiodifusão.
Quem usa esses equipamentos vai ter que trocar o aparelho por um digital, para não perder o sinal televisivo.
Vai ser mais caro?
As operadoras geralmente não oferecem acesso exclusivo a um tipo de tecnologia de rede, mas cobram pela franquia de dados utilizada.
As empresas, porém, ainda não definiram se haverá reajustes nos preços de pacotes de dados, pois ainda vão levar meses até que a tecnologia esteja disponível. Essas definições deverão acontecer conforme a tecnologia chegue a uma cidade.
Será preciso ter um celular compatível com a tecnologia 5G. Em julhp de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) listava cerca de 60 modelos homologados. Há aparelhos partindo de R$ 1,3 mil. Com o tempo, a tendência é que todos incorporem a compatibilidade, assim como aconteceu com o 4G.
O 4G vai acabar?
Não. Os celulares atuais continuarão funcionando nas redes 4G, 3G e 2G – essas conexões não deixarão de funcionar. Por isso, você não precisará de um aparelho compatível com o 5G para usar a internet.
Embora o 5G seja muito potente e prometa velocidades maiores até do que as que temos em casa, a tendência é que a rede móvel sirva como um complemento.
Para conectar lâmpadas, aspiradores de pó, geladeiras, entre dezenas de outras coisas, o Wi-Fi ainda será a ponte para a internet.
Com informações do G1
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