Em meio à pandemia de covid-19, a realidade de quem utiliza o sistema de transporte público de Natal é de ônibus lotados e longas esperas nas paradas. Desde o início da propagação da doença, a frota de ônibus foi reduzida e linhas foram suspensas na capital. 

A vendedora Raquel Souza, de 30 anos, moradora da Zona Norte de Natal, disse em entrevista ao Agora RN que depende diariamente de duas linhas para chegar ao local onde trabalha. Segundo ela, o maior problema é no retorno para casa, por volta das 22 horas, quando os ônibus estão sempre lotados devido à quantidade de gente saindo do trabalho. Raquel está com suspeita de covid-19 e por isso está afastada do trabalho.

“Todos os dias, na volta para casa, o ônibus 73 da Reunidas já para de frente ao shopping lotado. Nem parece que estamos em pandemia. Neste momento, estou em isolamento esperando o resultado do teste. No dia 24, meu último de trabalho antes do atestado, voltei para casa em pé no 73, com muitas dores no corpo”, afirmou.

O auxiliar de serviços gerais Sueleide Cely Chacon, de 48 anos, que mora na Zona Oeste da cidade, enfrenta o mesmo problema com o transporte. “Moro em Felipe Camarão, trabalho no Tirol, pego dois ônibus, o 21 ou 63 para rodoviária e, de lá, pego o 41 para chegar no serviço. É do mesmo jeito para voltar. Com os ônibus cheios, fico com medo de andar neles, mas preciso trabalhar”, contou.

Os usuários de transporte coletivo em Natal precisam enfrentar também a ausência de algumas linhas. No ano passado, 20 linhas da frota (01A, 01B, 12-14, 13, 18, 20, 23-69, 30A, 31A, 34, 41B, 44, 48, 57, 65, 66, 81, 587, 588 e 592) foram retiradas de cirvulação sem aviso prévio pela Secretaria de Transporte Urbano (STTU).

Por cauda da retirada, a funcionária doméstica Telma Araújo, de 50 anos, que mora em Nova Descoberta e dependia da linha 48, agora tem que pegar dois ônibus para chegar ao trabalho, em Barro Vermelho. “Como reduziram as linhas de ônibus, o que ainda passa em Nova Descoberta só vai até a Avenida Bernardo Vieira. De lá, a opção é pegar outro ou pagar um aplicativo de transporte para chegar no trabalho”, disse.

Segundo passageiros da linha 56 (Via Costeira/Ribeira), só existem dois veículos circulando nessa rota, em um intervalo de uma hora. Grande parte dos funcionários dos hotéis da Via Costeira depende desse transporte.

O recepcionista Marcos Vinícius afirmou que já ficou mais de uma hora e meia esperando pelo ônibus. “Esse ônibus demora muito, se você perder ele é melhor pegar outra linha para tentar chegar em Ponta Negra. No mês passado, cheguei a esperar duas horas na parada e, quando passou, o motorista falou que demorou porque só tinha um ônibus rodando”.

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) alegou que a frota total do sistema de transporte está operando em 70% e que a frota de cada linha está variando conforme a demanda. A pasta informou ainda que está fazendo o redesenho da rede de transporte e monitorando as linhas, mas não divulgou quando a ação deve ser concluída. Questionada, a STTU não deu uma previsão sobre o retorno de 100% da frota, nem do retorno das linhas retiradas no ano passado.

A Prefeitura do Natal afirmou em decreto publicado neste sábado (27) que a frota de veículos do serviço de transporte público de passageiros pode ser alterada a qualquer momento, inclusive com mudança de horários e majoração ou minoração da frota, com a finalidade de evitar a aglomeração de pessoas nos veículos.

Fonte: Agora RN